Tem vezes que parece que por mais que se fale, ninguém escuta. Como líder, muitas vezes tentei estimular ações nos meus liderados por meio das palavras. Explicava o que queria que eles fizessem, dava todo o contexto por trás da importância da execução que pedi e depois a acompanhava.
É um método que funcionava em grande parte das vezes, principalmente quando era uma tarefa mais técnica e bem definida, onde a pessoa entendia que fazia parte de sua função. Porém, quando era algo mais comportamental, muitas vezes os liderados executavam algumas vezes e com o passar do tempo isso ia diminuindo até cair no esquecimento.
Um exemplo é a questão do estudo. Sempre pontuei com meus liderados a importância de estar sempre adquirindo conhecimento teórico para agregar durante a sua execução no dia a dia. Isso porque acredito que os melhores resultados vêm da união entre a teoria e a prática e portanto sempre pergunto para meus liderados o que eles estão estudando.
Logo que pergunto isso, muitas vezes a resposta é que não estão estudando nada. A partir daí, conversava com eles para que tentassem inserir o estudo na rotina e dava exemplos de materiais que eles poderiam estudar com base nos seus desafios atuais. Isso até gerava uma mudança momentânea de comportamento, porém após eles acabarem o livro ou curso que eu tinha indicado, a situação voltava à estaca zero, com eles novamente não estudando nada. Minha palavra até movia eles, mas com prazo de validade.
Percebi em algum momento que esse formato não era o mais efetivo e que se eu quisesse que meus liderados adquirissem esse hábito era necessário que eu mesmo fosse o modelo que eu gostaria que fosse seguido, para que eles vissem os resultados positivos que eu colhia desse hábito.
E não é que eu estivesse pedindo para eles realizarem algo que eu não fazia, muito pelo contrário, estar sempre estudando é uma rotina que carrego comigo há um bom tempo. Porém, a maior mudança foi começar a compartilhar mais sobre isso durante minhas interações com eles, falando sobre o que eu estava estudando e quais resultados estava colhendo.
A partir desse momento, comecei a fundamentar muitas das minhas tomadas de decisão do dia a dia com algo teórico que eu tinha lido em algum livro. Após explicar qual caminho eu achava o melhor a ser seguido, referenciava o autor e o livro para que eles entendessem de onde havia tirado esse conhecimento.
Além disso, em várias conversas informais com meus liderados, contava mais sobre o que estava estudando no dia a dia, onde isso estava me ajudando e como isso expandia meu repertório técnico para executar minhas tarefas do cotidiano. Com o tempo, meus liderados passaram a ter interesse nos materiais que eu recomendava, principalmente nos que eu mais citava na hora de fundamentar uma decisão. Após isso, eles também começaram a consumir esse conteúdo por conta própria e a também usar como fundamentação para os argumentos que traziam para as reuniões.Em seguida, eles estavam buscando materiais de estudo por conta própria e trazendo outros pontos de vista para as nossas discussões a partir desses materiais que consumiam.
Ser um exemplo do que eu esperava que fosse feito foi a melhor forma de fazer com que eles entendessem por conta própria os benefícios que poderiam ter, e assim, eles mesmo decidiram ir atrás do comportamento que eu queria estimular. A partir daí, a motivação passou a ser interna e não mais externa, fazendo com que não tivesse mais um prazo de validade para a execução. Quando as pessoas criam esse tipo de motivação interna, já não é mais necessário ficar cobrando a execução, pois elas passam a executar pelo desejo pessoal de alcançar algo que valorizaram. E com certeza é muito mais fácil manter um hábito porque a própria pessoa quer do que por influência de outro.
Quando percebi isso, entendi que meu papel como líder não é ficar dizendo como espero que as pessoas ajam, mas sim ser um modelo das ações que espero deles. Ao influenciá-los a agirem como eu, garanto que terei um grupo motivado para fazer o que precisa ser feito para atingirmos nossos resultados, não porque eu pedi para eles, mas sim porque eles querem fazer isso. E, pela minha experiência, um grupo motivado da forma certa consegue superar qualquer barreira.