Todo final de ano tenho vontade de ser melhor. Não que isso não aconteça em outros momentos do ano, mas de fato esse desejo fica mais intenso nesses momentos onde um ciclo acaba e outro começa, e não tem recomeço melhor do que a troca de ano.
Essa vontade de ser melhor não fica limitada a mim como indivíduo, também se estende aos times que sou responsável dentro da nav9. Munido dessa empolgação, conduzo meus liderados no processo de planejamento estratégico para o ano seguinte, com o entusiasmo de quem quer atingir objetivos maiores e mais audaciosos do que os do período que se encerra.
No fim, essa animação acaba sendo contagiante. Em um ambiente como a nav9, onde a cultura é da busca pelo desenvolvimento individual e coletivo, é comum que todos se motivem para fazer um ano melhor do que o anterior. Porém, por muitas vezes vi essa mesma motivação, que pode ser a nossa maior impulsionadora, acabar se tornando nossa maior inimiga.
Como time, é muito importante estarmos constantemente nos desafiando, afinal, como diz uma frase famosa no meio da administração: "se uma empresa não está crescendo, ela está morrendo". Porém, é importante levar em consideração que existem restrições que precisamos analisar na hora de projetar esse crescimento e os novos desafios, pois quando isso não é considerado, corremos o risco de construir um plano incrível, porém que nunca será executado.
Ao longo dos anos, percebi que um dos fatores que mais leva os times a traçar planos fadados ao fracasso é a falta de entendimento do cenário atual. Quando o grupo parte direto para definir aonde quer chegar, porém sem definir exatamente onde se está, acaba perdendo a perspectiva de quão distante esses dois pontos estão e do quão inatingível é percorrer essa distância dentro de um trimestre ou ano.
Além de correr o risco dessa distância ser muito grande, é importante que o time seja honesto consigo mesmo e consiga entender quais são os principais problemas que estão enfrentando no dia a dia. Afinal, se existem muitas atividades rotineiras que estão constantemente dando problema e todos têm que parar o tempo todo para apagar incêndio, não adianta traçar planos para o próximo período ignorando esse fato, é necessário que antes que se pense em evoluir em novas frentes, que se consolide o que já existe.
Dessa forma, o primeiro passo que dou com os times que lidero é conduzir uma análise profunda da situação atual do time. Isso passa por entender qual foi nosso resultado no último período, entendendo quais metas atingimos e quais não atingimos, e o porquê de ter sido assim, tanto nos casos positivos quanto negativos. Depois disso, entendo quais são os principais problemas que acontecem no dia a dia do time e que impedem que todos operem dentro do seu melhor. Por fim, tento entender quais tarefas rotineiras o time já possui e quanto tempo sobra para que eles foquem em novas metas e objetivos no próximo ciclo.
Após essa análise profunda, tanto eu quanto o time temos visibilidade do cenário atual que vivemos, sobre nossos principais problemas e desafios e também sobre quanto tempo teríamos disponível para novos objetivos caso não fizéssemos melhorias nos processos e rotinas já existentes. E é nesse momento, onde temos uma visão muito clara de onde estamos, que é a hora de utilizar de toda a empolgação proveniente do início de um novo ciclo, para definir metas empolgantes e desafiadoras para o próximo ano.
Esse é o momento certo, pois agora todos no time terão a visibilidade sobre quais são os principais desafios que o time precisa superar e também uma visão do que é possível alcançar e o que não é, com base no ponto que estamos hoje. Isso se torna imprescindível, pois não há nada mais desmotivador e estressante para um time do que perseguir metas impossíveis. E é muito fácil chegar a uma meta impossível quando se define aonde se quer chegar, sem saber de onde se está saindo.