Por onde começar a construção de um produto digital?
Essa pergunta é difícil de responder e não acredito que exista uma resposta única. Seja em uma startup ou em uma corporação, para cada produto existe uma estratégia de negócio a ser executada e um conjunto de pessoas que precisam colaborar para tirar ela do papel. Esses indivíduos normalmente vem de áreas diferentes (marketing, vendas, tecnologia, design, etc) e possuem visões diferentes sobre o que deveria ser feito, o que é ao mesmo tempo bom e perigoso.
Bom porque a diversidade de pensamentos nos ajuda a ver a situação por vários pontos de vista. Ruim porque se essas pessoas não chegarem a um alinhamento sobre o que precisa ser feito, isso normalmente gera problemas.
Já vivenciei casos onde para tentar agradar a todos envolvidos, tentou-se acomodar dentro do backlog do produto os pedidos de todas as pessoas. Isso gerou uma primeira versão repleta de funcionalidades que não estavam diretamente relacionadas aos principais pontos que precisavam ser validados, fazendo com que o produto demorasse demais a ser lançado.
Porém, já vi também situações onde o time do produto avançou nessas definições iniciais sem escutar as outras áreas envolvidas e acabou tendo dificuldades por não prever pontos básicos que com certeza seriam alertados pelas pessoas de outras especialidades.
Para lidar com esses dilemas, venho utilizando como base para começar novas iniciativas de clientes da nav9 a Lean Inception do Paulo Caroli.
Essa ferramenta consiste em um workshop colaborativo que junta conceitos do Lean Startup com Design Thinking para chegar a uma visão unificada de qual a primeira versão do produto iremos construir. O objetivo é juntar os principais stakeholders na mesma sala (física ou virtual) junto com o time responsável pelo desenvolvimento e juntos passar pelas discussões propostas em cada uma das atividades, gerando alinhamento entre os envolvidos.
As dinâmicas utilizadas abordam o produto de forma holística, começando pelos resultados que esperamos atingir com ele e em seguida passando pela definição das personas que imaginarmos que melhor representam nossos futuros usuários. Depois projetamos como será a jornada dos usuários utilizando a aplicação para sanar suas necessidades, e por fim definimos qual é o menor conjunto de funcionalidades que precisamos desenvolver para fazer com isso seja possível.
Essa mentalidade de trabalhar de trás para frente, partindo dos objetivos e chegando nas funcionalidades, ajuda a manter todos envolvidos focados em definir uma primeira versão enxuta, sem deixar de levar em consideração os conhecimentos de todos os envolvidos no workshop.
O principal valor gerado pela inception é esse alinhamento e compartilhamento de conhecimento entre todas as pessoas envolvidas. Porém, além disso, também nos beneficiamos da criação de uma documentação leve sobre os próximos passos da construção do produto. Essa documentação é utilizada ao longo de todo o ciclo de criação do MVP, sendo revista sempre que aprendemos algo novo que não tinha sido mapeado durante a Inception.
Com isso conseguimos ter um senso de direção inicial, que é importante para manter todos alinhados e engajados na construção do produto, sem perder o entendimento de que tudo que temos até o momento são hipóteses, que serão ou não validadas durante o processo de criação e lançamento do produto.
Caso estejas começando uma nova iniciativa digital e tenha ficado interessado na Lean Inception, me manda uma mensagem e bora trocar uma ideia que explico em mais detalhes como rodar as dinâmicas!
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Alguns materiais que podem te ajudar a entender mais sobre a Lean Inception
Livro Lean Inception do Paulo Caroli
Artigo bem completo no site do Caroli resumindo os pontos mais importantes sobre o workshop