Tem tarefas que parece que nasceram para não serem feitas. Não importa o quanto eu me esforce, parece que a execução não avança. Vejo esse fenômeno acontecer não só no meu dia a dia, mas também em tarefas que delego para o time. É comum encontrar um pessoa que vem entregando bem e assim vou passando mais atribuições pra ela. Quando de repente, em uma tarefa específica essa pessoa trava e não consegue avançar.

E seguido desse não avançar, normalmente vem a procrastinação. Não conseguindo dar conta da execução, surgem diversas formas de justificar para si mesmo a falta de avanço: priorizar outras tarefas menos importantes, entrar em um loop de pesquisa e estudo sobre o tópico ou até deixar a tarefa de lado fingindo que ela não existe. Esse movimento de deixar a tarefa de lado pode ser acompanhado ainda da negação, onde se faz de tudo para colocar a culpa da não execução na própria tarefa ou no ambiente, mas não em nós mesmos.

Analisando essa situação, comecei a dividir a execução em dois aspectos: “querer fazer” e “saber fazer”. Para cada situação onde vejo alguém com dificuldade de progredir em alguma tarefa eu entendo entender: isso é falta de conhecimento, motivação ou de ambos? Muitas vezes queremos fazer algo, porém não sabemos como fazer. Outras vezes, sabemos fazer porem não querermos. Em ambos o cenário, não importa o esforço que coloquemos parece que o resultado não irá acontecer. E se acontecer, não será com o nível de qualidade que estamos acostumados a entregar. É possível lidar com a falta de conhecimento e com a falta de motivação, porém para isso é importante identificar qual dos problemas está acontecendo para a partir disso traçar um plano de ação efetivo.

Em casos onde há o conhecimento, porém falta a motivação, não adianta traçar estratégias voltadas para o aprendizado, pois corremos o risco de começar a procrastinar estudando ou fazendo pesquisa. O foco tem que ser em buscar alguma motivação, seja ela interna ou externa. Isso pode ser feito através de ações simples como dividir a tarefa maior em pequenas tarefas para construir um sentimento de progresso, se comprometer com um prazo publicamente para gerar um comprometimento com outra pessoa ou convidar alguém que tu goste de trabalhar junto para resolver junto a situação.

Já quando o problema é conhecimento e não motivação, é importante entender o quanto de conhecimento falta para que se consiga executar a tarefa. Não acredito que a pessoa precise ter 100% do conhecimento necessário para só assim conseguir executar, pois tem uma parte considerável do aprendizado que acontece durante a jornada de execução. Porém se o abismo de conhecimento for muito grande, a pessoa não conseguirá superá-lo e com isso a tendência é que até mesmo a motivação acabe deixando de existir. Dessa forma, o primeiro passo importante é entender se os conhecimentos necessários estão bem dimensionados para o que a pessoa consegue atingir durante o prazo que ela tem disponível.

Caso estejam bem dimensionados, é hora de buscar o conhecimento. Deixar a execução de lado por um tempo e explorar mais os conhecimentos necessários para que seja possível atingir o resultado. Esse processo normalmente acaba sendo bem iterativo: executar até atingir uma barreira, parar e estudar para conseguir superá-la, seguir executando e encontrar mais um ponto que não consegue transpor, estudar novamente e assim por diante.

Outra ação que sempre me ajudou quando vejo que meu problema na situação é falta de conhecimento é  conversar com pessoas com mais experiência no contexto do que eu. Busco levar para elas o problema que estou enfrentando, quais as soluções já tentei e o que estou com dificuldade no momento. A partir disso, pergunto para a pessoa qual seria a solução dela e questiono bastante para não só entender a solução proposta, mas também entender toda a linha de raciocínio que ela usou para chegar até a proposta.

Após muito passar por essas situações percebi que nos dois cenários, tanto de falta de conhecimento ou falta de motivação, pedir ajuda é uma das melhores formas de avançar na resolução do problema. E mais do que pedir ajuda somente para atalhar o caminho até o resultado final, é importante também passar por esse processo tentando tirar algo que te ajude a lidar com situações semelhantes quando acontecerem novamente. Se o problema for de motivação, entender o que ajudou ao trabalhar junto com outra pessoa para garantir que a tarefa fosse menos maçante. Caso o problema for de conhecimento, mais do que deixar a pessoa te dar a solução e tu só implementar, é importante entender a linha de raciocínio por trás das sugestões dadas.

A partir da analise do porque não estou avançando em um objetivo, somado a definição de uma estratégia que seja condizente ao problema real que estou enfrentando, tenho conseguido avançar individualmente e também ajudar as pessoas do meu time a avançar mesmo nas tarefas que parecem que nasceram para não serem feitas. Afinal nem sempre conseguiremos ter a tarefa certa destinada para a pessoa certa, onde a pessoa tenha o conhecimento necessário e se sinta motivada. Mas munido das ferramentas certas qualquer um pode superar esses obstáculos e entregar o seu melhor resultado.

Execução = querer fazer + saber fazer