O ato de planejar é indispensável, já os planos são inúteis. Ao menos é o que diz o general e ex-presidente dos Estados Unidos Dwight Eisenhower. Constantemente tenho que relembrar dessa frase, pois costumo criar planos de ações robustos mesmo em situações de extrema incerteza. Isso mesmo sabendo que quando o plano sair da teoria e for implementado na prática vou perceber que não levei algo em consideração e vou ter que ignorar o plano e me adaptar a situação. Acredito que seja normal tentarmos buscar a certeza através da construção de um plano, porém em ambientes imprevisíveis ou contextos que tenhamos pouco conhecimento, isso pode gerar decepção e dificuldade de ser flexível quando as coisas não sairem como o planejado.

Ao analisar meu comportamento nessas situações, percebi que quando me deparo com algo que precisa ser feito, minha primeira reação é tentar definir bem o lugar onde estou e o lugar onde quero chegar. A partir dai, traço um plano de ação de como seguir essa trajetória entre os dois pontos, buscando antever os possíveis problemas que podem acontecer pelo caminho e já traçando formas de lidar com eles.

O problema desse método de planejamento é que ele lida com a análise da situação como se fosse uma foto, com todos os elementos e premissas envolvidos sendo estáticos e bem definidos. Porém na realidade a situação real é muito mais próxima a um filme, com muita coisa se movimentando, se alterando e até novos itens entrando em cena. Isso gera um cenário de alta incerteza e imprevisibilidade, onde é difícil (se não impossível) prever tudo que será necessário realizar durante a jornada. Sem conseguir prever exatamente o que pode acontecer no caminho, e muitas vezes nem tendo certeza exata de tudo que está acontecendo no momento inicial, para que serve um plano de ação detalhado e robusto se provavelmente ele terá que ser alterado inúmeras vezes durante a jornada?

Assim se o ato de planejar é indispensável, mas os planos são inúteis, decidi voltar minha atenção para o processo de planejamento. Inspirado pelo pensamento dos métodos de desenvolvimento de software ágil, hoje busco mais a flexibilidade para me adaptar durante a jornada do que a criação de planos rígidos. Para cada nova situação que preciso resolver, sigo definindo bem onde estou e onde quero chegar para ter um norte inicial. Porém, ao invés de fazer um plano extensivo e detalhado, escrevo uma lista geral de tópicos com os passos que acredito que vou precisar realizar para ir de um ponto ao outro

Com base nesse rascunho geral, defino bem somente as primeiras ações que preciso executar, algo que caiba em torno de uma semana de trabalho e vou para a prática. E a partir dai o ato de planejar virá algo iterativo, sendo retroalimentado pela execução. A cada semana paro para analisar meu progresso, entendendo se com base no que eu aprendi durante a execução meu plano segue fazendo sentido. Caso não faça mais, eu refaço meu planejamento. Como a estrutura geral do plano é uma lista de tópicos, e não algo extensivo e complexo, fica fácil de ser flexível e reorganiza-lá com base nos aprendizados que forem surgindo na jornada. Ao final dessa reorganização, entendo e defino bem novamente o que irei focar na próxima semana e assim vou fazendo isso até a execução estar finalizada.

E é assim que venho conseguindo focar na execução com muito menos preocupação e ansiedade. Sei que tenho um plano bom o suficiente para me dar uma visão de quais passos preciso fazer para chegar no meu objetivo, mas flexível o suficiente para se adaptar aos problemas que encontrar no caminho. Assim consigo ter a tranquilidade de que vou atingir meus objetivos enquanto aproveito a jornada durante a execução.

Planos são inúteis